Papel das hormonas tireoideias no desenvolvimento intelectual

Susana Gomes Rodrigues, Miguel Guerra, J. Soares Fortunato

A deficiência de hormonas tireoideias no hipotireoidismo, na hipotiroxinemia e na deficiência de iodo afecta milhares de pessoas em cada ano, principalmente nos países menos desenvolvidos. Na última década, através de estudos efectuados em animais, investigadores conseguiram isolar alguns dos possíveis efeitos da deficiência tireoideia no desenvolvimento do sistema nervoso central. Pensa-se, actualmente, que alterações nas concentrações de T3 e T4 maternas causam danos na ontogénese cerebral. A placenta, como principal meio de comunicação entre mãe e feto, tem um papel importante na passagem destas hormonas durante o primeiro trimestre de gestação, nomeadamente durante as primeiras doze semanas de vida. Estudos recentes revelaram que a ligação da T3 ao seu receptor (TR), e a posterior ligação deste complexo a regiões específicas regulam a expressão de genes ditos cerebrais, que consequentemente afectam o desenvolvimento neural. Assim, genes como a PCP-2, a NSP-A, a MAG, a MBP, no hipotireoidismo materno, poderão ser directamente responsáveis pelas alterações detectadas após o nascimento. A redução da arborização dendrítica, a mielinização incompleta dos neurónios, o atraso na migração neuronal no córtex são exemplos das manifestações de deficiências tireoideias no desenvolvimento neural. Embora, na última década, se tenham desvendado alguns dos possíveis efeitos da carência de hormonas tireoideias no desenvolvimento cerebral, ainda se desconhecem os mecanismos de acção destas hormonas, nomeadamente na neurogénese e nas funções cognitivas e no crescimento somático. Palavras-chave: Receptores

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