Eduardo Marinho Saraiva, J. M. Soares Fortunato e Cristina Gavina
O cortisol é uma hormona indispensável à vida e com um efeito multifacetado. É sintetizada nas glândulas supra- -renais; a sua produção aumenta significativamente em situações de Stress.
A depressão major é uma doença em que existe uma hipercortisolemia, responsável em parte pela sua génese. Este aumento dos níveis de cortisol vai provocar lesões no hipocampo e alterar o funcionamento dos receptores dos glicocorticóides (GRs), diminuindo a retroacção negativa exercida pelo cortisol e desregulando o eixo Hipotálamo-Hipófise-Supra- Renal (HPA), o que vai por sua vez criar uma hipercortisolemia.
Tanto o sono como o padrão de secreção do cortisol possuem um ritmo circadiano. O aumento dos níveis de cortisol tem um papel fundamental no acordar: o pico na secreção diária do cortisol ocorre por essa altura e os seus níveis mais baixos ocorrem ao início da noite. Os níveis de cortisol mantêm-se elevados nos indivíduos que dormem pouco, nos com sono leve e nos que sofrem de insónia. Existe uma interacção entre a secreção de cortisol e as diversas fases do sono, principalmente a rapid-eye-movement (REM). Um dos possíveis sintomas da depressão é a insónia, e a insónia é um factor de risco para a depressão. Verifica-se uma hiperactividade do eixo HPA em ambas as patologias.