Volume 7 - Nº 1

Perturbação de ansiedade generalizada em cuidados de saúde primários: abordagem e tratamento

Sérgio Aires-Conçalves e Rui Coelho

Nos Cuidados de Saúde Primários os doentes recorrem frequentemente ao médico com um ou vários sintomas, como: précordialgia, palpitações, dispneia, dificuldade em engolir, suores nocturnos, tremores, náusea, cólicas intestinais, diarreia, obstipação, irregularidades menstruais, medo de morrer, calores, rubor, parestesias, frequência urinária, dores musculares, cefaleias, boca seca, insónia e depressão.

Existe frequentemente uma sobreposição entre as diferentes categorias diagnósticas nas perturbações de ansiedade. Por outro lado, verifica-se a comorbilidade com a depressão em algumas fases da doença; podendo, ainda, existir situações de ansiedade e depressão.

Dados epidemiológicos indicam que cerca de 10% dos Americanos têm ou tiveram ansiedade segundo os critérios definidos na DSM-IV. As perturbações de ansiedade podem afectar 12 a 22% dos utentes que procuram os Cuidados de Saúde Primários. A Perturbação de Ansiedade Generalizada (PAG) pode afectar entre 2 a 10,9% da população geral.

Outra dificuldade que se coloca na avaliação das perturbações de ansiedade é o da quantificação dos sintomas. Num estudo realizado nos E.U.A. foi aplicado um questionário (PRIMEMD) para quantificação da gravidade dos sintomas combinando a validade dos critérios da DSM-IV com a prudência que a quantificação de sintomas deve acarretar na abordagem da ansiedade e depressão.

O tratamento da Perturbação de Ansiedade Generalizada requer farmacoterapia, psicoterapia e uma atitude psicoeducativa do doente como nas restantes perturbações de ansiedade. A terapêutica farmacológica da ansiedade exige, frequentemente, a utilização de benzodiazepinas, buspirona e anti-depressivos. O tratamento instituído deverá durar pelo menos 12 meses. A remissão da depressão pressupõe o desaparecimento dos sintomas e a reabilitação psicossocial do doente.

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