Volume 1 - Nº 2

Psicanálise, Psicossomática e Imunidade

António Coimbra de Matos

Para o autor, a personalidade psicossomática define-se como uma estrutura pré- -depressiva dependente de uma falha empática precoce. O bebé, por falência do continente materno (aparelho psíquico da mãe), não desenvolve a capacidade de intropatia (leitura dos próprios afectos e interacções), abortando o seu desenvolvimento emocional, fantasmático e simbólico. A capacidade de reconhecimento do outro, o diferente e estranho fica, ela também, embotada. Não se desenvolve, então, uma relação de intimidade fina e discriminante (diacrítica), mas grosseira e indiferenciada (protopática), monótona e desinteressante, feita à custa de um esforço adaptativo.

Quando em perda, desiludido, o sujeito não tem acesso à depressão (verdadeira, psíquica), que lhe permitiria o reconhecimento da falta e a sua respectiva elaboração (trabalho depressivo). É uma depressão falhada. Acontece apenas a depressão biológica, a “retirada conservadora”, uma espécie de hibernação com fraca capacidade de resposta aos estímulos agressígenos; então, a adptação biológica falha e a doença instala-se.

O desencadeante, recente ou remoto, da doença psicossomática manifesta é uma perda afectiva (como em toda a depressão) que não é reconhecida, desenvolvendose apenas a reacção biológica de retirada da luta pela sobrevivência. Não é um esgotamento (pelo esforço na luta), mas uma desistência – a “morte” da luta biológica pela vida.

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