Volume 1 - Nº 2
- Editorial
- Psicanálise, Psicossomática e Imunidade
- Psicossomática Estrutural: O Facto Psicossomático
- “Ice” e “Ecstasy”: Os estimulantes do final do milénio. Perspectivas Clínica e Experimental
- O homem e o espaço urbano
- Sivik Psychosomaticism Test and Test of Operational Style: Relationship with State-Trait Anxiety Inventory and Beck's Depression Inventory
- Considerations on emotional development: to be aware of or else holding back emotions among inflammatory bowel disease patients
- Mediadores de integração entre o Sistema Nervoso Central e o Sistema Imunitário – A SIDA numa abordagem psiconeuroimunológica
- A toxicidade de uma conduta depressiva de sentido ou A somatose de um espírito em privação de imaginário
- Tratamento Hormonal de Substituição e Sexualidade na Menopausa
- Relação entre síndrome plurimetabólico e factores psicossociais
- Publicações Recebidas na Redacção
Psicanálise, Psicossomática e Imunidade
António Coimbra de Matos
Para o autor, a personalidade psicossomática define-se como uma estrutura pré- -depressiva dependente de uma falha empática precoce. O bebé, por falência do continente materno (aparelho psíquico da mãe), não desenvolve a capacidade de intropatia (leitura dos próprios afectos e interacções), abortando o seu desenvolvimento emocional, fantasmático e simbólico. A capacidade de reconhecimento do outro, o diferente e estranho fica, ela também, embotada. Não se desenvolve, então, uma relação de intimidade fina e discriminante (diacrítica), mas grosseira e indiferenciada (protopática), monótona e desinteressante, feita à custa de um esforço adaptativo.
Quando em perda, desiludido, o sujeito não tem acesso à depressão (verdadeira, psíquica), que lhe permitiria o reconhecimento da falta e a sua respectiva elaboração (trabalho depressivo). É uma depressão falhada. Acontece apenas a depressão biológica, a “retirada conservadora”, uma espécie de hibernação com fraca capacidade de resposta aos estímulos agressígenos; então, a adptação biológica falha e a doença instala-se.
O desencadeante, recente ou remoto, da doença psicossomática manifesta é uma perda afectiva (como em toda a depressão) que não é reconhecida, desenvolvendose apenas a reacção biológica de retirada da luta pela sobrevivência. Não é um esgotamento (pelo esforço na luta), mas uma desistência – a “morte” da luta biológica pela vida.
