Volume 6 - Nº 2
- Acerca da identidade sexual como elemento de ligação somato-psíquica
- Uma contribuição para a teoria das transformações de wilfred bion: a transformação psicossomática
- Cocaína factor de risco cardiovascular, embriofetal e comportamental
- A construção do homem no plano simbólico – o lugar da psicoterapia
- Comportamento alimentar bases neuropsíquicas e endócrinas
- Tratamento psicanalítico de pacientes com patologia psicossomática
- Células estaminais no cérebro adulto de mamífero
- "maria sem mãe, maria sem pai; maria dos outros ou de si?" estudo de um caso clínico de depressão
- Do leviatã ao divã: muito mais do que uma rima – ética e psicanálise em foco
- Os contornos bioéticos de um caso clínico de perturbação depressiva major
- Histeria e perturbação conversiva
- Publicações recebidas na redacção
- Reuniões científicas calendário
Cocaína factor de risco cardiovascular, embriofetal e comportamental
Susete Alexandra de Sá Pires, Maria João Batista, J. A. Leite Moreira, J. Soares Fortunato
Os "mecanismos" subjacentes à associação entre o consumo regular de cocaína e os seus efeitos cardiovasculares estão relacionados com:
- Inibição da recaptação de dopamina e serotonina a nível central.
- Efeitos anestésicos locais por inibição dos canais de sódio (impede a despolarização do elemento pós-sináptico induzida pela abertura dos referidos canais).
- Efeitos periféricos simpaticomiméticos por inibição da recaptação de noradrenalina e adrenalina e estimulação da libertação de noradrenalina – principal mecanismo de modulação dos receptores pós-sinápticos.
- Efeitos vagotónicos transitórios no sistema cardiovascular.
- Estimulação do eixo hipotálamo-hipófise-supra-renal. Aumento da agregação plaquetária [para além de aumentar a concentração do inibidor 1 do activador do plasminogénio (PAI1), o que se traduz numa estimulação do sistema de coagulação e inibição do sistema fibrinolítico].
- Libertação do mais potente vasoconstritor – a endotelina-1.
A cardiotoxicidade da cocaína apresenta algumas particularidades na grávida: por um lado esta última apresenta-se mais vulnerável aos efeitos da droga e, por outro lado, há a considerar os efeitos genotóxicos e teratogénicos sobre o feto, bem como algumas alterações no que diz respeito ao seu futuro comportamento social. Um dos desafios que se colocam perante a comunidade científica é o de desenvolver mais estudos para que cada vez mais se possam reconhecer os efeitos nocivos da cocaína e, consequentemente combater as suas causas. Estes estudos podem igualmente comprovar a eficácia da sua aplicação farmacológica em situações de hipóxia fetal crónica.
