Volume 4 - Nº 2
- Editorial
- Esquizoidia e doença psicossomática: conservação de energia e inibição da acção
- Comentário à conferência do Dr. Coimbra de Matos
- Arte e medicina
- Medicina e arte – uma ressonância
- Psychosomatic medicine: alive and well in the new century
- Síndroma de Couvade: um estudo exploratório da ocorrência de sintomas em pais-expectantes
- Avaliação clínica nas doenças do comportamento alimentar
- Receptores da dopamina e esquizofrenia
- A adaptação psicológica de mães cujos filhos apresentam Paralisia Cerebral: Revisão da literatura
- Publicações Recebidas na Redacção
- Reuniões Científicas • Calendário
Receptores da dopamina e esquizofrenia
Alexandra Sousa, José Soares Fortunato, Jorge Correia Pinto
As diversas acções fisiológicas da dopamina são mediadas por cinco receptores ligados a proteínas G. Dentro dos receptores dopaminérgicos considera-se a existência de dois grupos: os receptores do tipo D1 (D1 e D5) e os do tipo D2 (D2, D3 e D4). Os primeiros estão ligados a proteínas Gs e activam a adenil-cíclase, conduzindo ao aumento dos níveis de cAMP, enquanto que os últimos estão associados a proteínas Gi, que inibem esta enzima, e activam também canais de potássio. Existem diversas variantes de cada receptor resultantes da ocorrência de "splincing" alternativo, da existência de pseudogenes e polimorfismos, dos genes que codificam estas proteínas. Porém, a maior parte destas variantes corresponde a receptores não-funcionais e inactivos. Os receptores da dopamina no SNC, são difusamente expressos e estão envolvidos no controlo da locomoção, na cognição, nas emoções e afectividade, e na secreção neuroendócrina.
A esquizofrenia é uma patologia psiquiátrica, caracterizada por perturbações do pensamento, da percepção, da actividade social, dos sentimentos e do comportamento motor, que normalmente surge no fim da adolescência ou no início da idade adulta. A dopamina está desde há muito relacionada com esta doença, de tal forma que o tratamento da esquizofrenia passa pelo bloqueio dos receptores tipo D2. Contudo, os fármacos utilizados estão, por um lado, relacionados com efeitos laterais extremamente desagradáveis, e por outro, nem sempre são eficazes. Daí que seja importante o estudo dos receptores dopaminérgicos e sua farmacologia, para que sejam descobertos fármacos com menos efeitos laterais, e mais eficazes no tratamento desta doença.
