Sábado, 10 de Outubro de 2015
Primeira homenagem ao Dr. José Barata
“Em primeiro lugar gostaria de agradecer, em nome da Direcção da SPPS, a presença de todos, num dia que é simultaneamente de encontro e de início de integração de uma ausência, apenas possível pela reunião de todos nós.
Ao longo de toda a sua vida e ao longo de todos os momentos da nossa Sociedade, o Dr. José Barata lutou para que fosse possível manter-se a saúde, saúde esta que só seria possível pela manutenção da continuidade integrada e integradora da unidade viva.
Era na clivagem e na escotomização de partes dessa unidade que para o nosso Zé Barata começava o adoecer….no desencontro…na ruptura identitária da decepção para que o vazio acutilante nos remete.
Na possibilidade do pensamento livre e autónomo, na possibilidade de verdadeiramente se amar, sentia estar o caminho da continuidade temporal que permite dar ao passado o seu significado e fazer-se acontecer o presente… (numa espécie daquilo a que dava o nome de «utopia realizada»).
Foi e será sempre no encontro empático multidisciplinar e diverso, vivido e experienciado de forma autêntica, autónoma e interna, que residirá o caminho de quem se afoita a olhar a mortalidade física e a infinitude interna.
Rei da possibilidade de viver em incerteza, desde que, como tantas vezes o referia «se for detentor de uma almofadinha interna» que torne a dor da queda possível de ser vivida nos limites do suportável, Zé Barata ensinou-nos - e acima de tudo, sussurrou-nos - «não tenham medo»…creio ter gerado em nós, e entre nós, um espaço intermédio e suficientemente almofadado para que a continuidade vá muito além da existência real do objecto.
Não cedendo nunca à tentação de se deixar levar por aquilo que confortavelmente pode parecer óbvio – dizia «demasiado reducionista para ser verdade» - alertava-nos para a importância de nunca se parar de pensar e questionar, mantendo acesa a luz de quem não teme a noite escura.
Pretendemos, assim, fazer permanecer este espaço de intermédios, onde o debate e o encontro possam ser sempre fonte de enriquecimento interno, na e pela relação com os outros.
Prometemos tentar não esquecer o verso que nunca se cansava de citar: «Eu não sou eu nem sou o outro, sou qualquer coisa de intermédio…»
A Presidente da Zona de Lisboa e Sul da SPPS
Patrícia Câmara
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